
A Teoria da Cognição Situada, desenvolvida por Jean Lave e Etienne Wenger, enfoca a ideia de que o conhecimento não é algo que está simplesmente dentro da mente de um indivíduo, mas sim algo que é construído e compartilhado dentro de um contexto social e físico. Essa teoria propõe que o aprendizado e a cognição estão profundamente enraizados nas situações e interações sociais nas quais ocorrem.
A principal contribuição de Lave e Wenger é o conceito de “práticas legítimas de participação” (legitimate peripheral participation), que descreve como os novatos começam a aprender e a se integrar em uma comunidade de prática. Essa participação começa de forma periférica, ou seja, as pessoas iniciantes ou novatas fazem parte da prática, mas com envolvimentos mais simples, até que, com o tempo, adquirem mais habilidades e conhecimentos, passando a participar de maneira mais central e ativa.
Alguns pontos principais da teoria:
- Contexto social e cultural: O conhecimento é inseparável do contexto social, cultural e histórico onde ele é produzido. Ou seja, a cognição é sempre situada em uma prática social específica.
- Comunidade de Prática: O aprendizado é um processo que ocorre dentro de uma comunidade de prática, onde indivíduos compartilham objetivos, práticas e formas de fazer. Eles se envolvem ativamente em uma rede de interações com outros membros da comunidade.
- Participação Periférica: Os iniciantes ou novatos começam a aprender de forma periférica, ou seja, eles não participam diretamente das atividades centrais da prática, mas vão ganhando experiência até se tornarem membros plenos da comunidade.
- Cultura e Identidade: A identidade do indivíduo está entrelaçada com as práticas que ele compartilha e as comunidades nas quais participa. A cognição está diretamente ligada a esses processos e identidades sociais.
- Aprendizado em Contextos Reais: A teoria enfatiza que o aprendizado é mais eficaz quando ocorre em contextos autênticos e reais, nos quais as pessoas se envolvem em tarefas do cotidiano ou do trabalho, em vez de ambientes artificiais ou descontextualizados.
Em resumo, a cognição situada se baseia na ideia de que o conhecimento e a aprendizagem são processos dinâmicos, contextuais e sociais, nos quais as pessoas constroem significado a partir de sua interação com o ambiente e com outros indivíduos dentro de uma prática específica.
Jean Lave e Etienne Wenger são dois acadêmicos que desempenharam papéis fundamentais no desenvolvimento da teoria da cognição situada e da ideia de comunidades de prática.
Jean Lave:
Jean Lave é uma antropóloga e psicóloga, conhecida por seus estudos sobre o aprendizado e as práticas sociais. Ela ficou particularmente conhecida por sua colaboração com Etienne Wenger na criação da teoria da cognição situada. Lave tem um interesse particular em como as práticas sociais e culturais moldam a aprendizagem e o conhecimento, e em como as pessoas adquirem habilidades e se tornam membros de comunidades de prática.
Ela começou a estudar a aprendizagem em contextos informais, observando como as pessoas aprendem no dia a dia, no trabalho e em outras atividades cotidianas. Seu trabalho destacou a importância de se aprender de forma contextualizada, e ela é bem conhecida por seu estudo sobre o aprendizado em contextos reais, como os de comunidades que praticam atividades como costura, culinária, ou outras formas de trabalho tradicional.
Etienne Wenger:
Etienne Wenger é um sociólogo e educador, que é conhecido por seus trabalhos sobre comunidades de prática e aprendizagem social. Ele colaborou com Lave para desenvolver a teoria da cognição situada e ajudou a expandir o conceito de comunidades de prática, que descreve como os grupos de pessoas compartilham um interesse comum e aprendem juntos por meio de interações sociais e colaboração.
Wenger foi um dos primeiros a formalizar a ideia de comunidades de prática como espaços de aprendizado e desenvolvimento de conhecimento. Seu trabalho também explora como os indivíduos desenvolvem identidade dentro dessas comunidades e como a aprendizagem ocorre de forma social, em vez de ser apenas uma prática individual.
Contribuições principais:
- Jean Lave e Etienne Wenger trabalharam juntos para destacar como o aprendizado ocorre em contextos reais e dentro de comunidades, ao invés de ser algo que acontece em ambientes descontextualizados, como nas escolas tradicionais.
- Juntos, eles enfatizaram a ideia de que o conhecimento não é algo que simplesmente adquirimos isoladamente, mas algo que é vivido e compartilhado em grupos sociais, através da participação ativa e do envolvimento nas práticas diárias dessas comunidades.
O conceito de comunidades de prática teve um grande impacto em várias áreas, incluindo educação, psicologia, sociologia e até mesmo em campos como o desenvolvimento organizacional e a gestão do conhecimento.
O Cognitivismo é uma teoria da aprendizagem que foca nos processos mentais envolvidos na aquisição, organização e uso do conhecimento. Ao contrário do behaviorismo, que considera a aprendizagem como uma resposta a estímulos externos, o cognitivismo vê a aprendizagem como um processo interno e mental. Para os cognitivistas, o cérebro funciona de forma semelhante a um computador: ele recebe informações, processa e armazena essas informações, e as utiliza quando necessário.
A ideia central do cognitivismo é que a mente humana está constantemente processando informações, fazendo conexões entre novos conhecimentos e experiências passadas. O processo de aprendizagem, então, envolve a organização e a estruturação da informação para que ela possa ser facilmente acessada e utilizada no futuro.
Em termos simples, a cognição é a maneira como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre as informações adquiridas dos sentidos. A estrutura cognitiva é, portanto, o “mapa mental” ou o conjunto de esquemas mentais e memórias que usamos para organizar e compreender o mundo ao nosso redor.
Teorias Cognitivistas Relacionadas às Metodologias Ativas
- Aprendizagem Significativa – David Ausubel: A teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel defende que o aprendizado ocorre de maneira mais eficaz quando o novo conteúdo se conecta com o conhecimento prévio do aluno. Para Ausubel, a aprendizagem não deve ser vista apenas como uma simples memorização de informações, mas como um processo de integração de novos conceitos com estruturas cognitivas já existentes. Ele sugere que os professores devem promover situações de ensino que ajudem os alunos a fazer essas conexões entre o que já sabem e o que estão aprendendo.Essa teoria tem uma forte relação com as metodologias ativas, porque essas metodologias envolvem o aluno de maneira dinâmica no processo de aprendizagem, estimulando-o a construir seu próprio conhecimento, a partir de suas próprias experiências e interações com os novos conteúdos.
- Teoria da Cognição Situada – Lave e Wenger: A teoria da cognição situada, de Lave e Wenger, é também cognitivista, mas enfoca como o aprendizado acontece dentro de contextos sociais e culturais específicos. Segundo essa teoria, a aprendizagem não ocorre de maneira isolada dentro da mente do indivíduo, mas sim de forma interativa, através de atividades práticas realizadas em conjunto com outros membros de uma comunidade de prática. O conhecimento é construído socialmente e contextualmente, e a aprendizagem é mais eficaz quando ocorre de forma autêntica e relevante para o indivíduo.Ao aplicar essa teoria nas metodologias ativas, podemos entender que o processo de aprendizagem é mais eficiente quando os alunos estão engajados em atividades práticas e colaborativas, que envolvem a aplicação do conhecimento em situações reais ou simuladas. Assim, as metodologias ativas, como o aprendizado baseado em problemas (PBL), promovem a aprendizagem situada ao incentivar os alunos a trabalhar juntos e aplicar o que aprendem em contextos do mundo real.
Conexão com as Metodologias Ativas:
As metodologias ativas de ensino (como aprendizagem baseada em projetos, ensino híbrido, aprendizagem colaborativa, etc.) se baseiam fortemente nas teorias cognitivistas, pois promovem uma participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, considerando a importância da interação social, da resolução de problemas e da construção de conhecimento de forma significativa e contextualizada.
Essas metodologias reconhecem que a aprendizagem não é um processo passivo, mas uma construção contínua e dinâmica, na qual os alunos desempenham um papel ativo, integrando novas informações com o conhecimento pré-existente e aplicando-o em situações reais ou desafiadoras.
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